Memórias SS

Diário de uma  suicida sobrevivente, redigido em tempos de crises  de polo negativo, compartilhado em tempos de  abundância de  vida, sem mania, com sobriedade.



"As vezes me  pego a pensar se esta insistência em permanecer viva é mesmo necessária, não estou a me fazer de vítima ou coitadinha, apenas desabafo da forma que sei fazer, uma vez que todo este mundo parece vomitar-me dele dia após dia. Não me encaixo nos padrões, não me adapto à rotina comum. Não que eu não queira, apenas não me são favoráveis ou alcançáveis. Certo dia li uma frase de um colega angustiado  pelo silêncio que vida lhe  causava, que  dizia exatamente assim: "Suicidas  são apenas  anjos que querem voltar para casa". Fiquei a pensar nisso, será que   são anjos  ou apenas seres humanos enfraquecidos influenciados por demônios, que por sua vez, são anjos, mas caídos, expulsos  da convivência gloriosa com Deus. Uma vez destituídos de suas posições não podem mais voltar, pelo contrário, estão condenados ao tormento eterno, certamente vivem tentando diuturnamente os seres humanos para que sejam condenados tal como  eles.
É um pouco estranho eu ter conhecimento de todas estas coisas, além disso creio em forças do mal como citei acima, assim como creio nas forças do bem, isto porque eu já os vi, mas graças a Deus ha tempos não vejo mais divindades, não sei  ao certo o que aconteceu, mas prefiro assim, sem vê-los, mas não deixo de acreditar e mesmo assim, em crises de  polo negativo  que me  deixam abaixo  de  zero por cento de otimismo, de  uma forma tão  avassaladora que já tentei contra minha vida inúmeras vezes. 
Acho  a vida difícil  demais, são tantas coisas impostas  em nossas mentes  que desconfio que somos treinados desde que  nascemos  para viver aqui  neste mundo seguindo  padrões,  costumes, religiões. Até mesmo uma simples cor  é imposta e  se torna  costume, hábito  ou regra universal. Seríamos robôs?  Provavelmente não,  até porque o índice  de defeitos é bem  grande, como doenças físicas e psicológica  por toda parte,  certamente  somos só  meros mortais mesmo, a  maioria  lutando para  sobreviver.
De todas  as vezes  que tentei  sair  daqui a ultima vez me marcou   demais tanto  físico como emocionalmente,  ao ponto de não tentar outra  vez. Mas  mesmo  assim a  vontade de  findar  por  aqui  é  constante.  O mundo nos  impõe  tantas coisas,  minhas  lembranças   variam e  há  dias  que minha mente é tão  confusa  que não sei discernir o que  é fato  e o que é feito  por minha mente. A incredulidade do mundo  me inibe a declarar de fato  o que me aconteceu e acontece,  então a verdade que está viva e nítida em  minha memória  se torna confusão. Confusão de minha mente  que varia entre dois polos, transtornada  pelo que haveria de ser e não sou. Não por culpa de ninguém, mas por escolhas  que fiz em toda  minha vida, algumas  tiveram bons resultados, outras  nem tanto. Mas nesses  momentos   de  fraqueza, reclamo, murmuro  e  sempre tem alguém  a me dizer que apesar de tudo, de todos os problemas de  saúde e  finanças, você está viva, então eu  me pego a pensar se isso realmente é uma  vantagem, será verdadeiramente um  premio, um conforto.  Nesse momento  sinto  a vida como uma prova   de resistência que  não sei  quanto  tempo ainda  durará, fico  pensando  que este desafio  só vai aumentando  as  responsabilidades e pergunto quanto tempo ainda mais  conseguirei resistir?  Francamente não sei, aliás não sei de nada, só  sei que por fora dessa personalidade  confusa e louca existe uma mulher sorridente e aparentemente  tranquila  que procura dar o seu  melhor, ser melhor a cada dia aos que lhe rodeiam, pois ninguém tem  culpa  do  que ela leva  como bagagem, então não descarrega o lixo  encima dos  outros, mas no  seu  interior vive  um  dia de  cada vez aguardando que o  juiz finalize a prova." 

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